In§tante§ ð'um £ouco: maio 2007
Sofro
Podia dizer que amo.
Não, não é dor, é raiva.
Raiva de quem amo?
Raiva/amor ou amor/raiva?

Concluo que amo
Amo porque tenho raiva
E, no instante que amo
Fico com vontade de odiar
E, no instante que odeio
Morro de desejo de amar

Ah, a impossibilidade do definido
Contra a possibilidade do instante...


Nas minhas metades
Encontro as tuas
Ao anoitecer visto-me de vulcão
Deixo viver a alma lume
E no frio da noite respiro
Paciência, amor, silêncio

Abandono-me entre palavras
Entrego-me aos encantos da saudade...
Existem lugares em ti
Que não são teus.
São meus
Quando te encontras em mim...
Aqui, sentado à beira de mim
Neste mar feito céu
Caio em torrente
Sobre um castelo desmantelado.
Sofro por ter sofrido
Nesta angústia que não encerra
Angústia que trepa à boca
Na esperança que não termina.
Amarga esta amargura...
-Existência insegura-
Canso-me de tudo
Tudo me pesa.

Gostava de te ter aqui
Mesmo que o teu cantar fosse mudo...
Evito reparar que existo!

Custa-me entender o que sinto
Quando reparo em mim...
A loucura que revelo é falsa
Como a sanidade que me veste.
A verdade da minha mentira
É o extase da alma em gozo
Sensações gravadas na pele
Encarquilhar das entranhas
Sangue ateado de emoção
A minha loucura
É tão intima quanto a sanidade!

A secreta exacerbação do meu sentir
É a verdade da minha mentira..
Nem sei
Que me
Desgosta
A alma.
Suposta
Dor que
Doi
Realmente...
Como uma
Ave
Em queda
Num céu
Calmo,
Afogo-me
No meu
Ser.
Lá,
Encontro
Memórias
De mim...
Há noite,
Quando os silêncios calam
E a alma desperta...
Pensam que vivo de infinitos amores.
Deixo-os pensar...!
Não sabem o que há de majestoso
Nos meus sonhos...
Pensam que uso mil cores para amar.
Deixo-os pensar...!
Não compreendem os meus amores
Não compreendem o meu luar de desejos...
Há quem pense que sou perverso, disparatado.
Deixo-os pensar...!
Uso risos de louco!

Ninguém imagina que és o meu sonho.
Nem tu...
Pudesse eu esquecer!

Que suplício...
Que dor...
Que amor...
Geme a escuridão...
Pelas esquinas dobram-se sombras,
Tocam-se gomos de volúpia...
Num aperto silencioso
Tombam corpos sobre almas,
Escorre a paixão e a dor...
Fartou o sonho!

A vida ajoelha-se perante as estrelas...
Dentro de mim ardor
Desconheço a origem
Auréola de horror
Meu falso desdém
Estado de torpor

Nasce de viver!
Dentro de mim, seja o que for...
Entorpeces-me os sentidos
Provocas-me...
Induzes-me no teu jogo
Excitas-me com a tua ousadia
Que sedução...
Que poder é esse...?

Rendo-me...
Embarco na tua fantasia!
Gotas de saudade enchem-me o peito
Que se encontra vazio de amor ...
Quero-te, atracção
Adoro-te, paixão
Amo-te, solidão

Amor paciente que acabas sempre no voo de uma borboleta...
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