In§tante§ ð'um £ouco: fevereiro 2009
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Existem certas coisas que...
Não cabem numa frase
Não cabem numa estrofe
Não cabem num poema
Nem em mil poemas
Não cabem numa ideia
Não cabem numa alma
Não cabem num corpo
Nem em mil corpos

Existem certas coisas que...
Apenas se sentem, não cabem num nome
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Só o amor e o ódio se podem olhar sem limites.
Nem tão pouco o céu com suas estrelas.
Só a tua presença, só o ódio e o amor.
A ira e o desejo, e o teu olhar.

Só a tua presença ininterruptamente.
Como o amor e o ódio. Tal qual a morte.
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Lembrança…

Desnudada nostalgia
Que descarada se abre em gomos
Desfolha-se em páginas de aromas distantes
E tudo se dilui dentro de mim.
Sou dicionário de adjectivos indizíveis
Gramática interdita a qualquer letra
Recordações a morrer na cadência da linha
Vibrantes, sem rosto, sem cheiro, sem som.
Ah... nunca me chegam todos os sentidos
Para dar sentido a tudo que sinto falta.

Quedo-me vencido
No faminto beijo desvelado
Da ansia imensa que se assoma dentro de mim.
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ponto ponto ponto traço ponto ponto
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É um momento curto, sem pausa
Um vislumbre cativante
Cristalino.

Pressinto!

É um instante vulnerável, sem defesa
Um gesto possuído
Volúvel.

Prenúncio!

Inesperada impavidez...
É por cima do ombro que te descubro
Onde teus olhos segredam os desvios fortuitos do meu olhar
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tanto, desmedido, muito, excessivo, demasiado, imenso, demais
je ne sais quoi...
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