In§tante§ ð'um £ouco: novembro 2008

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Escuto os sons que pelo vento me chegam
Aromas que da terra desabrocham
Ópio da minha vida, embriaguez do meu sentir...

Recebo da chuva os pingos
Que me cobrem o rosto
Que me limpam a alma...
E permito ao olhar
Perder-se na vastidão do infinito.

Bebo o sabor da maresia
Junto deste mar que é meu
Onde encontro o que sinto
Onde descubro o que sou...
A pequena parte do todo
Que me faz engrandecido.

Do longe crio o sonho
Onde o pensamento me faz
O que o tempo guarda da vida...
A pequena parte de mim que me anseia
Guardada como semente
Para ser jogada à terra.

Em algum lugar que não conheço
Serei chão, raiz, húmus
E assim será cumprido o destino.

É na delicadeza destas coisas que a vida me doi
Que toco no fundo, no sentido do que sou...
Vermelho
Raio de sol,
Teu desejo
Teu corpo
Que queima
Paixão doce na minha pele

Meu calor,
Incandescente a tua boca
Arrasta do meu corpo
Despido
Particulas de frio.

És sede, és desejo, és beleza, és gesto
És lembrança que trago em cada canto de mim...
Deixa que descanse os olhos
Pois é tudo tão distante e tão noite!
Julguei ser só demora
E a cantar esperei-te.

Deixa que agora me cale
Que me acomode na solidão!
Há um travo doce no silêncio
E na dor um sentir divino.

Deixa que levante o rosto
Que encontre um céu de outro mundo
E descubra na leveza do sonho
Aromas perdidos, desejos em flor.
Porque te estou eu a escrever?
Nem eu sei.
A nostalgia deste momento
É maior que a vontade
Que eu tenho de destruir
O brilhante fio de paixão
Que me prende a ti.

Choro?!
Oh, sim...
E saberás tu porque o meu pranto
É angustiante, soluçado e amargo...?
Nem uma despedida
Nem um sinal de cortesia...
Partiste.
Nem a saudade levaste contigo...
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