In§tante§ ð'um £ouco: maio 2008
És desejo que a minha mão segura
És desejo que o meu corpo encontra
És desejo de ser
És desejo de vida
És desejo meu...

Desejo sem nome
Feito e refeito
Em descomedidas explosões
Em prolongados silêncios
Em adiados cansaços
Em ausentes desesperos.

Compulsiva paixão
Onde encontro o norte
E me perco de mim...
Suprema tentação que me atrai
Para o que receio
E o temor excita-me
Mais... e mais...
Suprema paz que encarno
E não acalma a calma
Que calo...
Suprema ilusão
Escárnio que canta
De mim mesmo...
Louca vida
Que a vida roubou...
Suprema vontade que me enfeitiça
Supremo êxtase
Que me aprisiona
E me mata...
Proíbo o amigo!
Mato-o em cada esquina
E encaro a madrugada
Em névoas de silêncio.

Suave conforto, fruto único
Companhia, falta sem dor...
Revejo no destino a indolente solidão do estar
Clareira que alimenta a tristeza sob um sol antigo
Não sinto as aves nem lembro o que me cerca
Fujo para junto de um Deus que me persegue
Risco na pele a formosura da morte
Cegueira feita na minúcia dum olhar.

Carrego nos ombros achas de vida
Momentos distantes, matéria sem uso
Sonhos exilados dum instante que fica.
O amor é surpreendente
Brinca com o olhar
Brisa trémula em canteiro
De orquídeas.

Luar cheio, branco
Que estremece nas águas.

O olhar é lúdico
Brinca com o amor
Jogo de criança
Aventura.

Salta da cartola, magia
Coelhos, pombos, papeis em flor.

Presença é encanto
Porta aberta, iluminada
Alguém que espera
Com a lua entre lábios.
Do que vivi
Apenas resta este silêncio
Repleto de solidão...

Nasce tristeza
Onde enterrei alegria.
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