In§tante§ ð'um £ouco: dezembro 2006
The only evil is ignorance.
The only good is knowledge.

Nick Traina
No fundo do meu ser, num assomo longo,
Escuto uma voz trémula e turva.
Escuto-a a gritar, quando no começo
Articulava lentamente uma suplica.
Ateio o fogo da Razão e percorro
As cavernas fundas do meu inconsciente.
A luz oscila, eu estremeço,
Só vejo treva amontoada.
Imploro, interrogo... Tudo é infrutífero.
Apenas silêncio.

Diante de mim chora uma Alma acorrentada...
Passei a acreditar nele no dia em que nos conhecemos...
Hoje quando fui ver os emails tinha um da minha filha Margarida, menina de 10 anos.
Ela sabe da existências dos meus blogs, deste e de outro onde ponho poesia que vou lendo.
Vai daí, resolveu oferecer-me um poema para colocar no blog de poesia, mas eu não resisti e deixo-o aqui.
Tocou-me profundamente... é estes pequenos nadas que dão cor à vida.
Margarida, que a vida te ofereça momentos de pura felicidade, tudo o mais virá por acréscimo.


"Olá papá, deixo-te aqui um poema para o teu blog lindo e maravilhoso...

Homem-Pai

Quando no teu nascimento
me perguntaste se te acolhia...
comprometi-me que sim.
Prometi que para ti seria,
desse principio até ao fim,
um homem em renascimento.

Aperta com os teus dedos
esta mão de um pai
que apenas por o ser de ti,
descartou-se dos segredos...
e a impureza que já vivi
é o passado que hoje cai.

Reconhece nesta minha face
o homem que te dá a mão hoje,
que te nuble nenhuma memória!
Não sou mais aquele que foge,
ruminando no medo a sua história
por um infortúnio que passe.

Dorme, meu rapaz, dorme bem...
aqui, no teu leito protegido,
semelhante àquele que nunca tive...
Descansa pela vida que aí vem;
que nela seja o meu olhar um incentivo
e meu novo nascimento, conseguido...

Rui Diniz

É sobre um papá, lol."
Minha expressão é pálida e nublada
Meu olhar parado e tristonho
Contudo, a imagem bem alegre
Habita dentro da minha alma.

Este deserto não é de aurora que queima
É sorrir de estrela em noite de calmaria...
Caio envolto no meu universo,
a urgência de me deter
envolve-me no instante da minha agonia.
Deixo-me ir...
Sinto estes momentos de loucura,
preciso desta insanidade.
Deixo-me estar...
Não te consegues livrar do esqueleto que tens dentro do armário?
Então é melhor que o ensines a dançar!
Tudo o que penso
Tudo o que sou
É o caminho imenso
Por onde vou
Gosto do jeito sossegado, calmo
Como te encostas ao meu peito
E entre embaraços e ternuras
te largas em mim...
É como se tudo parasse de repente
E o nosso mundo fosse demarcado
Pelos braços de um anjo.
Apetece-me desfazer frases
Transformá-las numa longa tira de desejos
Apetece-me rasgar palavras
Transformá-las em vulcões de dor quente
Apetece-me retorcer silabas
Transformá-las em paixão que alojo no peito

Contudo, carrego na alma escrituras de sombra
Que me corroem o querer...
Sem palavras
Sem expressão
Sem começo
Sem fim

Um intenso nada queima-me a alma...
Quero-te...
Na carne
No abraço que me aconchega
No sabor do beijo doce
Na caricia das mãos
Nos dedos que em mim se entranham
No toque dos lábios
No fogo da pele

Quero-te!
(Limitaste-te a cair das estrelas
E a mudar o meu mundo...)

Quero fechar os olhos
Pois é tão longe e tão tarde...
Deixa que me cale, permite que me conforme
É doce a luz do silêncio
E a dor de origem tão docil
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